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Projetos científicos de estudantes técnicos estiveram em destaque na 4ª Semana Nacional do Técnico Industrial. Alunos e seus orientadores dos estados do Maranhão, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo trouxeram estudos inovadores para o terceiro dia do evento, promovido pelo Conselho Federal dos Técnicos Industriais (CFT) com apoio dos Conselhos Regionais dos Técnicos Industriais (CRTs) nesta quinta-feira (21) em Brasília.
O CFT apoia feiras como a Mostratec, de Novo Hamburgo no Rio Grande do Sul, para selecionar e premiar projetos de estudantes técnicos que também acabaram sendo premiados no exterior.
Para o presidente do CFT, Solomar Rockembach, é indispensável apoiar os jovens cientistas do ensino técnico, que já estão sendo premiados internacionalmente. “Trabalhamos para que estes estudantes sejam reconhecidos, vistos e valorizados para que este conhecimento permaneça e contribua para o desenvolvimento do Brasil”.
Repelente sustentável
O primeiro projeto apresentado no dia foi de Gustavo Botega Serra, orientado por Zilmar Timóteo Soares, do Maranhão, estado de abrangência do CRT-02. O projeto explora o potencial do tucum mirim, fruto encontrado no cerrado brasileiro, como repelente, larvicida e inseticida. O estudante usou o fruto para criar um produto orgânico, natural e sustentável, o PharmaCaule, que resultou em eficácia de 100% na ação repelente em testes realizados em gado.
O estudo ganhou o segundo lugar geral na categoria Animal Sciences no Grand Awards da ISEF 2023, maior feira pré-universitária de ciências e engenharia do mundo. Agora, Gustavo deseja viabilizar a produção e distribuição do PharmaCaule, em especial para as comunidades rurais. “Foi com a vivência nas comunidades próximas da minha cidade, Imperatriz, que tudo começou”, afirmou Gustavo Botega.
Transporte de órgãos
A estudante Rafaela Milansky Ribas, do Paraná, ao lado do orientador Maycon Lourenço, apresentou a Organ Box, uma solução para transporte de órgãos com sistema de refrigeração que permite controle de temperatura e previne os danos causados pelas caixas tradicionais, que usam gelo, e sistema de rastreio. Segundo Lourenço, o projeto já foi premiado em 28 competições internacionais, entre eles menção honrosa no ISEF 2023, e está na fase de registro de patente para viabilizar sua comercialização.
Para Rafaela Ribas, trabalhar com o projeto também despertou um interesse na área médica. “Durante o projeto, eu me apaixonei pelas áreas de Cardiologia e de Transplantes, então o projeto já abriu muitas portas para ingressar neste mundo que é a Medicina”, revela a estudante.
Exploração espacial
Isabélli Marques, Bernardo Freitas, Sofia Oliveira e Carlos Munhoz, estudantes do Rio Grande do Sul, falaram sobre o veículo movido a pedaladas que conquistou o terceiro lugar numa competição da Nasa, agência espacial americana. O veículo da delegação, a única que representou o Brasil na edição deste ano do Human Exploration Rover Challenge, competiu com criações equipes de ensino médio de todo o mundo em percursos que simulavam condições de planetas do Sistema Solar.
A orientadora e diretora da Escola Estadual Frei Plácido, Sônia Machado Trindade, acompanhou os estudantes e lembrou o professor orientador Rodimar Acosta, que guiou os estudantes na elaboração do projeto. “O mais importante foi a visibilidade da escola pública, do curso técnico integrado. Alunos do primeiro ano participarem de uma competição como esta é um incentivo para outros jovens. O sonho é possível, é só correr atrás”, finalizou a diretora.
Tratamento de água
Helena Moschetta e Manuela Machado, do Rio Grande do Sul, desenvolveram um material que consegue fazer a filtragem de óleo que contamina a água. Orientados pela professora Schana Andréia da Silva, as estudantes fabricaram em laboratório uma membrana e realizou testes para medir sua eficácia. “Chegamos a valores de adsorção de óleo de até 65% com nosso material”, revelou Manuela Machado durante a apresentação.
Para as estudantes da Escola Técnica Liberato Salzano, os resultados são positivos e a aplicação industrial é uma possibilidade. “Fizemos análises de custos e de viabilidade econômica e esperamos que, em breve, esse projeto ajude o meio ambiente e torne o mundo um lugar melhor”, opinou Helena Moschetta, que enfatizou ainda a importância dos investimentos em pesquisa.
Engenharia biomédica
Eloah Padrone e Rebeca Goulart, do Rio de Janeiro, apresentaram o dispositivo para auxiliar na correção da síndrome do pé caído, consequência de lesão no nervo fibular. Os portadores dessa síndrome têm dificuldade para realizar o movimento natural de caminhada. A órtese desenvolvida pelas estudantes, com a orientação do professor Altair Martins dos Santos, foi demonstrada durante a apresentação, com exercícios que podem ser realizados no tratamento de pacientes.
O CFT custeou a viagem das estudante para a ISEF 2023, onde o projeto foi vencedor de um prêmio especial na categoria de engenharia biomédica, que inclui uma bolsa de estudos da universidade saudita King Fahd University of Petroleum and Minerals (KFUPM). Agora, as estudantes estão concentradas em aperfeiçoar o aparelho para que ele possa se encaixar ainda melhor nas pernas dos pacientes.
Prevenção de desastres naturais
O projeto que encerrou as apresentações foi de uma rede de monitoramento de deslizamentos nos grandes centros urbanos. De autoria do estudante Lucas Sampaio, de São Paulo, orientado por Wayner de Souza Klen, o sistema foi criado para evitar as perdas de vidas causadas por estes desastres naturais que já causaram mais de 4.000 mortes nos últimos 35 anos.
A rede funciona com a captação de dados – como umidade, vibrações, intensidade de chuvas e tipo de solo – e seu envio para um servidor, que calcula a estabilidade do solo. “Um sistema de previsão usando redes neurais – em outras palavras, inteligência artificial – seria capaz de calcular a estabilidade do solo várias horas depois”, explica o estudante, que afirma que essas informações poderiam ser disponibilizadas para agência como a Defesa Civil e Bombeiros poderem organizar evacuações com horas de antecedência.
Terceiro dia
Além dos projetos científicos, a quinta-feira (21) também contou com palestras sobre conectividade e inovação, empreendedorismo e neurociência. À tarde, a diretoria de Fiscalização e Normas do CFT apresentou a Aline, o módulo de inteligência artificial que pode ser usado em tutoriais sobre as funções do Sinceti. Segundo o diretor de Fiscalização e Normas, Bernardino José Gomes, a avatar é batizada em referência ao nome próprio mais comum entre as profissionais registradas.
A 4ª Semana Nacional do Técnico Industrial encerra-se nesta sexta-feira (22) com homenagens a profissionais técnicos e a cerimônia de posse do GRupo de Trabalho de Valorização das Técnicas Industriais. A programação completa pode ser encontrada no hotsite.
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Projetos científicos de estudantes técnicos estiveram em destaque na 4ª Semana Nacional do Técnico Industrial. Alunos e seus orientadores dos estados do Maranhão, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo trouxeram estudos inovadores para o terceiro dia do evento, promovido pelo Conselho Federal dos Técnicos Industriais (CFT) com apoio dos Conselhos Regionais dos Técnicos Industriais (CRTs) nesta quinta-feira (21) em Brasília.
O CFT apoia feiras como a Mostratec, de Novo Hamburgo no Rio Grande do Sul, para selecionar e premiar projetos de estudantes técnicos que também acabaram sendo premiados no exterior.
Para o presidente do CFT, Solomar Rockembach, é indispensável apoiar os jovens cientistas do ensino técnico, que já estão sendo premiados internacionalmente. “Trabalhamos para que estes estudantes sejam reconhecidos, vistos e valorizados para que este conhecimento permaneça e contribua para o desenvolvimento do Brasil”.
Repelente sustentável
O primeiro projeto apresentado no dia foi de Gustavo Botega Serra, orientado por Zilmar Timóteo Soares, do Maranhão, estado de abrangência do CRT-02. O projeto explora o potencial do tucum mirim, fruto encontrado no cerrado brasileiro, como repelente, larvicida e inseticida. O estudante usou o fruto para criar um produto orgânico, natural e sustentável, o PharmaCaule, que resultou em eficácia de 100% na ação repelente em testes realizados em gado.
O estudo ganhou o segundo lugar geral na categoria Animal Sciences no Grand Awards da ISEF 2023, maior feira pré-universitária de ciências e engenharia do mundo. Agora, Gustavo deseja viabilizar a produção e distribuição do PharmaCaule, em especial para as comunidades rurais. “Foi com a vivência nas comunidades próximas da minha cidade, Imperatriz, que tudo começou”, afirmou Gustavo Botega.
Transporte de órgãos
A estudante Rafaela Milansky Ribas, do Paraná, ao lado do orientador Maycon Lourenço, apresentou a Organ Box, uma solução para transporte de órgãos com sistema de refrigeração que permite controle de temperatura e previne os danos causados pelas caixas tradicionais, que usam gelo, e sistema de rastreio. Segundo Lourenço, o projeto já foi premiado em 28 competições internacionais, entre eles menção honrosa no ISEF 2023, e está na fase de registro de patente para viabilizar sua comercialização.
Para Rafaela Ribas, trabalhar com o projeto também despertou um interesse na área médica. “Durante o projeto, eu me apaixonei pelas áreas de Cardiologia e de Transplantes, então o projeto já abriu muitas portas para ingressar neste mundo que é a Medicina”, revela a estudante.
Exploração espacial
Isabélli Marques, Bernardo Freitas, Sofia Oliveira e Carlos Munhoz, estudantes do Rio Grande do Sul, falaram sobre o veículo movido a pedaladas que conquistou o terceiro lugar numa competição da Nasa, agência espacial americana. O veículo da delegação, a única que representou o Brasil na edição deste ano do Human Exploration Rover Challenge, competiu com criações equipes de ensino médio de todo o mundo em percursos que simulavam condições de planetas do Sistema Solar.
A orientadora e diretora da Escola Estadual Frei Plácido, Sônia Machado Trindade, acompanhou os estudantes e lembrou o professor orientador Rodimar Acosta, que guiou os estudantes na elaboração do projeto. “O mais importante foi a visibilidade da escola pública, do curso técnico integrado. Alunos do primeiro ano participarem de uma competição como esta é um incentivo para outros jovens. O sonho é possível, é só correr atrás”, finalizou a diretora.
Tratamento de água
Helena Moschetta e Manuela Machado, do Rio Grande do Sul, desenvolveram um material que consegue fazer a filtragem de óleo que contamina a água. Orientados pela professora Schana Andréia da Silva, as estudantes fabricaram em laboratório uma membrana e realizou testes para medir sua eficácia. “Chegamos a valores de adsorção de óleo de até 65% com nosso material”, revelou Manuela Machado durante a apresentação.
Para as estudantes da Escola Técnica Liberato Salzano, os resultados são positivos e a aplicação industrial é uma possibilidade. “Fizemos análises de custos e de viabilidade econômica e esperamos que, em breve, esse projeto ajude o meio ambiente e torne o mundo um lugar melhor”, opinou Helena Moschetta, que enfatizou ainda a importância dos investimentos em pesquisa.
Engenharia biomédica
Eloah Padrone e Rebeca Goulart, do Rio de Janeiro, apresentaram o dispositivo para auxiliar na correção da síndrome do pé caído, consequência de lesão no nervo fibular. Os portadores dessa síndrome têm dificuldade para realizar o movimento natural de caminhada. A órtese desenvolvida pelas estudantes, com a orientação do professor Altair Martins dos Santos, foi demonstrada durante a apresentação, com exercícios que podem ser realizados no tratamento de pacientes.
O CFT custeou a viagem das estudante para a ISEF 2023, onde o projeto foi vencedor de um prêmio especial na categoria de engenharia biomédica, que inclui uma bolsa de estudos da universidade saudita King Fahd University of Petroleum and Minerals (KFUPM). Agora, as estudantes estão concentradas em aperfeiçoar o aparelho para que ele possa se encaixar ainda melhor nas pernas dos pacientes.
Prevenção de desastres naturais
O projeto que encerrou as apresentações foi de uma rede de monitoramento de deslizamentos nos grandes centros urbanos. De autoria do estudante Lucas Sampaio, de São Paulo, orientado por Wayner de Souza Klen, o sistema foi criado para evitar as perdas de vidas causadas por estes desastres naturais que já causaram mais de 4.000 mortes nos últimos 35 anos.
A rede funciona com a captação de dados – como umidade, vibrações, intensidade de chuvas e tipo de solo – e seu envio para um servidor, que calcula a estabilidade do solo. “Um sistema de previsão usando redes neurais – em outras palavras, inteligência artificial – seria capaz de calcular a estabilidade do solo várias horas depois”, explica o estudante, que afirma que essas informações poderiam ser disponibilizadas para agência como a Defesa Civil e Bombeiros poderem organizar evacuações com horas de antecedência.
Terceiro dia
Além dos projetos científicos, a quinta-feira (21) também contou com palestras sobre conectividade e inovação, empreendedorismo e neurociência. À tarde, a diretoria de Fiscalização e Normas do CFT apresentou a Aline, o módulo de inteligência artificial que pode ser usado em tutoriais sobre as funções do Sinceti. Segundo o diretor de Fiscalização e Normas, Bernardino José Gomes, a avatar é batizada em referência ao nome próprio mais comum entre as profissionais registradas.
A 4ª Semana Nacional do Técnico Industrial encerra-se nesta sexta-feira (22) com homenagens a profissionais técnicos e a cerimônia de posse do GRupo de Trabalho de Valorização das Técnicas Industriais. A programação completa pode ser encontrada no hotsite.